✅Eis que um vírus trouxe uma realidade espantosa para muitos: eles possuem uma família.
Sim, aquelas pessoas com as quais compartilhava o teto nas horas do sono pertencem umas às outras. São sua família.
Como assim eu não pertenço a uma empresa? Como assim esses pequenos são meus e não da escola? Como assim, meu Deus?! E, espantados com a nova descoberta, todos buscam um manual de instrução: família, como se usa?
O espanto não é saber que aquela mulher é sua esposa ou aquele homem, o seu marido. Ou que aquelas irritantes crianças são seus filhos. Disso você já era forçado a ter uma idéia por causa de alguns papéis que tinha de cumprir, sobretudo aos fins de semana.
O espanto é saber que são pessoas!
Na empresa, na escola, nas ruas, as pessoas não são assim. Elas não são tão livres e os esquemas, para a sua santa paz, funcionam melhor do que a pura liberdade.
Possuo uma família.
A palavra “possuir” parece incerta, mas é só aparência. Sim, aquelas pessoas pertencem umas às outras e pertencem porque, ali, em casa, agem mais livremente.
E é onde agimos mais livremente que os conflitos causam mais espanto, porque espantoso mesmo saber que “eu sou deles e eles são meus”. Não há um manual de instrução. Não há um método. Não há um segredo. Onde há liberdade há um aumento do espanto e do Mistério. Lidem com isso.
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